domingo, 22 de maio de 2011

O Rio Salgadinho - Por Senhorzinho Ribeiro






























Quem conheceu o Rio Salgadinho de outrora como eu co­nheci não acredita que é o mesmo de hoje.
Suas margens eram compostas de roçados de arroz e cana-de-açúcar. Arvores frondosas acompanhavam o seu curso. Seu leito era bem mais largo e profundo. O peixe era abundante e as águas límpidas refletiam a beleza de uma natureza virgem e sem poluição. No inverno o rio se agitava e suas águas rebeldes tripli­cavam seu volume.
No verão, poços tradicionais se formavam, como "Procópio", "Pneu" e "Ingá" , e a garotada do meu tempo tomava banho despida, transformando os galhos das ingazeiras em tram­polins.
Verdadeiros acrobatas como os irmãos Vicente e Duca Marques, Elias Patrício e José Pisco, se destacavam pela coragem e habilidade de verdadeiros campeões olímpicos.
O rio não tinha ponte. Sua travessia era realizada através de pequenas canoas chamadas "cochos". Os canoeiros que se desta­cavam pelas habilidades do remo eram Manoel Balbino e José Canoa.
Em épocas de inverno, a travessia se tornava perigosa, exi­gindo força e astúcia na arte de navegar. Aí se sobressaía Manoel Balbino, demonstrando habilidade e segurança aos passageiros.
Em 1929, o então Prefeito de Juazeiro, Alfeu Ribeiro Aboim, construiu a primeira ponte do Rio Salgadinho, facilitando, assim, a vida daqueles que rotineiramente necessitavam atravessá-lo.
Hoje, infelizmente, o rio encontra-se poluído, estreito, ater­rado. Praticamente morto.
Recentemente o poeta João Bandeira escreveu um trabalho sobre a poluição do Rio Salgadinho. Este trabalho me tocou pro­fundamente e me encheu os olhos d' água.
Resta-me, agora, como saudosista, e amante da natureza, lembrar deste rio que, em um passado distante, fez parte da auro­ra da minha vida.
(Texto extraído do livro Juazeiro no túnel do tempo, de Senhorzinho Ribeiro. A foto é do Google Earth e mostra o Rio Salgadinho em foto de satélite).


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