sexta-feira, 27 de maio de 2011

Padre Francisco Pinkowski - Por Armando Lopes Rafael

Por iniciativa do Papa Bento XVI, a Igreja Católica abriu, em 19 de junho de 2009, o Ano Sacerdotal. Este evento insere-se nas comemorações dos 150 anos da morte de São João Maria Vianney – o conhecido Cura d’Ars – Patrono dos párocos de todo o mundo. A idéia central da realização desse Ano Sacerdotal é fomentar o empenho de renovação interior de todos os sacerdotes para um testemunho evangélico, mais vigoroso e incisivo, dentro do lema “O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus”, como costumava dizer o Santo Cura d’Ars.
   A Diocese de Crato abriu as comemorações do Ano Sacerdotal na tarde dia 4 de agosto de 2009 – data consagrada ao Cura d’Ars – em solenidade na Catedral de Nossa Senhora da Penha. Na ocasião foram ordenados cinco sacerdotes e dez Diáconos Permanentes. O ato foi uma oportunidade, também, para agradecer a Deus pelo fato de a Igreja Particular de Crato, ao longo de sua existência – que já se avizinha dos cem anos – ter contado, nas diversas etapas da sua história, com sacerdotes fiéis, que se doaram na construção do Reino de Cristo em terras do Sul do Ceará.
     Um desses sacerdotes foi o Padre Francisco Pinkowski, da Ordem Salesiana, nascido na Polônia em 1882. Ainda jovem foi estudar em Turim, na Itália, indo, depois, para Montevidéu, no Uruguai. Nesta última cidade foi ordenado presbítero em 1920. Dali foi enviado para o Brasil, para Pernambuco, onde residiu de 1921 a 1939. Foi transferido, em seguida, para Fortaleza, no Ceará, onde exerceu várias atividades pastorais entre os anos 1940-1943. De Fortaleza veio para Juazeiro do Norte, onde permaneceu os anos 1944-1945, retornando a Pernambuco em 1946. Padre Francisco Pinkowski viveu seus últimos anos em Juazeiro do Norte, aonde veio a falecer em 1979 com 96 anos.
         Sobre este sacerdote escreveu o escritor Mário Bem Filho:
         “Em Juazeiro do Norte, Padre Francisco Pinkowski, apesar da idade avançada, jamais se deixou vencer pelo cansaço. Levantava-se cedo e começava a rezar o terço e, após meditação, celebrava a Santa Missa. Posteriormente começava a atender às confissões, saindo, em seguida, sempre a pé, para prestar assistência aos enfermos pobres que habitavam a periferia de Juazeiro do Norte. Seu maior sonho era ver concluída a construção da igreja do Sagrado Coração de Jesus, o que conseguiu realizar.
           “Padre Francisco Pinkowski era um padre virtuoso, um autêntico apóstolo do bem, devoto de Nossa Senhora Auxiliadora e de Dom Bosco. Durante sua existência apresentou características marcantes, dentro as quais destacamos: profundo amor pelas vocações; zelo sacerdotal pelas almas, demonstrado no ministério das confissões, principalmente aos enfermos; coração aberto aos pobres. Jamais um necessitado que o procurasse, dele se afastava de mãos vazias; coração sempre inclinado ao perdão, nunca guardando rancor de ninguém”.
            Sobre o Padre Francisco Pinkowski conta-se, em Juazeiro do Norte, uma história de domínio público. Certa manhã ele foi chamado para dar a Unção dos Enfermos a uma moribunda que residia na Rua da Palha, periferia daquela cidade. Carregando a hóstia consagrada, estola, livro-devocionário e um recipiente com água benta, para a Rua da Palha dirigiu-se para lá, a pé, o bom padre. Em lá chegando, Padre Francisco Pinkowski entrou numa pequenina palhoça, destituída de qualquer móvel onde ele pudesse colocar os objetos sagrados, enquanto vestia a estola. Constrangido, por não querer colocar esses objetos no chão, eis que entra, na palhoça, um rapazinho de boa aparência, bem vestido e pede ao Padre Francisco para segurar os objetos. Após cumprir a tarefa o rapazinho se afastou do pequeno recinto.
   A sós com a moribunda, Padre Francisco ministrou a confissão, deu-lhe a comunhão e procedeu a Unção dos Enfermos.  Ao sair, perguntou a algumas pessoas que estavam do lado de fora da choupana:
– Onde está aquele mocinho que segurou meus objetos? Gostaria de agradecer a ele...
     Para surpresa do sacerdote todos insistem em dizer que, na palhoça, não entrara ninguém. Padre Francisco retornou ao Colégio Salesiano um tanto intrigado com o fato. Chegando ao Colégio, ali entrou pela antiga capela do educandário. Foi quando seus olhos se fixaram num altar e ele viu uma imagem de São Domingos Sávio. Emocionado, reconheceu naquele santo o rapazinho que o ajudara momentos antes, no casebre da enferma a quem dera assistência espiritual.
    Padre Francisco Pinkowski faleceu em 15 de abril de 1979. Foi sepultado no dia seguinte, no interior da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Juazeiro do Norte, após missa de corpo presente concelebrada por 26 sacerdotes. Ainda hoje sua sepultura é muito visitada. Muitas pessoas vão até seu túmulo para dar testemunho de graças alcançadas por sua intercessão.

Armando Lopes Rafael é historiador. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário